sexta-feira, 23 de abril de 2010

C A T Á L O G O


XX. Garrafa Vazia
Técnica mista
75x50 cm
2009
1.500
XIX. Tratado da Asa Imperfeita
Técnica mista
73x50cms
2009
1.500
Tratado da Asa Imperfeita – Do utópico voo de Ícaro, tombado por levar longe demais a exaltação do seu desejo de liberdade, nada ficou, como lição, para os vindouros. Pelo contrário, inúmeros compêndios depois escritos, ensinam que não há limites para a libertação, sem cuidarem que a libertação absoluta é a morte. Daí a urgência em escrever-se o Tratado da Asa Imperfeita.

XVIII. S. Jorge e o Dragão
Técnica mista
73x50cm
2009
1.500
S. Jorge e o Dragão – O grande drama ilustrado pela vitória do Bem sobre o Mal , é um dos mitos mais profundos da alma e do conhecimento humano. Porém, essa vitória nunca é definitiva. No labirinto espiralado do tempo, os ciclos vão da periferia ao centro e voltam do centro à periferia e essa luta não tem fim.


XVII. Cristal IV
Técnica mista
75x50 cm
2009
1.500
Cristal IV – Observar a realidade através de um prisma revela, ampliados e redefinidos, os contrastes cromáticos que a compõem. O prisma, com a sua função sintetizadora, é o melhor demonstrador da essência da luz e das trevas.

XVI. Cristal I
Técnica mista
73x50 cm
2009
1.500
Cristal I – Para uns disputa, para outros complementaridade. Sem dúvida diferentes modalidades da mesma coisa. A eterna dialéctica entre a luz e a sombra sintetizada na cor, é a metáfora mais explícita do mecanismo fundamental da vida e de toda a realidade.

XV. Nostalgias de Uma Infanta
Técnica mista - óleo
100x81 cm
2003
3.000
Nostalgias – De título completo “Nostalgias de uma Infanta Portuguesa” recupera um busto de D. Maria II, existente no Palácio da Pena, em Sintra. A Rainha cuja vida em Portugal foi bem atribulada, talvez sentisse no peito a saudade do seu Brasil natal e do murmúrio dos coqueiros embalados pela brisa morna da tarde. Certamente, como Infanta sul-americana, foi mais feliz que como Rainha de Portugal.

XIV. A Grande Ameaça
Óleo s/tela
75x54 cm
2006
2.500
A Grande Ameaça – A ascensão da burguesia, foi a grande torre de combate contra a Tradição. A falência real, aristocrática e sacerdotal deixou o povo órfão das únicas instituições que poderiam verdadeiramente protegê-lo das ambições ilimitadas dos novos pseudo-senhores.

XIII. Noite Antecipada
Óleo s/tela
73x54 cm
2006
2.500
Noite Antecipada – Por vezes - por exemplo à tarde - pensamos… logo à noite; e, de pronto, a imagem nocturna nos perpassa pela ideia, apesar da luz intensa do dia. Por um instante, como se o espaço fosse ubíquo, vivemos no dia e na noite, fenómeno inquietante e sedutor, semelhante ao que sentiríamos se um dia o Sol nascesse a Ocidente.

XII. Sir Lancelot
Óleo s/tela
73x54 cm
2006
2.500
Sir Lancelot – A ambiguidade da alma humana não tem limites. O mais nobre dos cavaleiros da Távola Redonda traía, de facto ou de jure o seu Rei, amando sua Rainha. Vivendo assim, com uma dor no coração e outra na consciência, tudo se enreda nos panejamentos que desejam ocultar a verdade não dita, mas que a força das evidências substitui por véus diáfanos e transparentes.

XI. Saudade
Óleo s/tela
75x54 cm
2005
2.500
Saudade – Um dos sub-mitos mais consagrados no ideário português é o da saudade. Saudade – palavra unicamente lusa, sem tradução precisa noutras línguas – é uma alegoria do exílio do espírito encarcerado na matéria. Um povo de marinheiros é sempre um povo de viúvas e de mulheres que esperam o regresso do bem-amado. Em Lisboa, a barra do Tejo marca a linha divisória entre o aqui e o além imponderável e sem limites, onde duvidosamente vivem os ausentes.

X. Espelho
Óleo s/tela
100x73 cm
2005
3.500
O Espelho – A imprudência de se brincar com os espelhos, onde a nossa imagem reflecte o que há de melhor e de pior em nós, pode levar a consequências inesperadamente dramáticas se, porventura, depararmos com o outro eu, de cuja existência jamais suspeitaríamos. Que o diga Narciso, apaixonando-se pela sua imagem reflectida na água, ou a donzela surpreendida pela sua própria beleza.

IX. Campo de Batalha
Óleo s/tela
60x70cm
2007
2.500
Campo de Batalha – No deserto, de que a nossa imaginação faz o cenário de Alcácer Quibir, apenas a solidão e o silêncio cumprem as exéquias para um Rei e seus cavaleiros, tombados em nome de um grandioso projecto de fé ou de um arrebatamento insano.

VIII. A Visita de Hypnos
Óleo s/tela
116x89 cm
2007
5.000
A Visita de Hypnos – Ao contrário do Anjo da Guarda, que vela mesmo durante o sono de quem protege, Hypnos sustenta infinitamente o sono, sendo-lhe repelente a ideia do despertar . Irmão gémeo de Thanatos – senhor da morte, ele representa a morte aparente. A jovem que dorme na morada de Hypnos, onde o Sol não chega e o canto do galo não se ouve está, no entanto, protegida pela sua própria beleza; e contra isso a sonolência nada pode. Brevemente o galo cantará para ela e o Sol esplêndido terminará o sortilégio de uma noite ou de uma puberdade.

VII. A Lição de Goethe
Óleo s/tela
116x89 cm
2004
5.000
O excesso de luminosidade é inimigo da Luz.
Em dias de Sol, no pino do Verão, quando a claridade é intensa, todas as particularidades do claro-escuro se dissolvem, no caldo da luz absoluta. Sob tal império iluminante, os contornos esbatem-se e a personalidade de cada objecto perde-se na clareza uniforme e descolorida de tudo.
A verdadeira Luz necessita da proximidade das trevas.
Como ficou explícito em “Jardins da Luz e Sombra”, do contraste entre claridade e obscuridade nasce a cor, entidade que permite à luz manifestar-se…expressar-se.
O branco absoluto não existe! É uma concepção completamente teórica. Na verdade, o que fosse integralmente branco não poderia ver-se, do mesmo modo que a treva absoluta é invisível. Seja o que for, para ser visto, alguma cor tem de ter, ainda que, em certos casos, se trate de um cromatismo mais subjectivo – por dedução – que compatível com as capacidades do sistema ocular humano.
Se o cinzento fosse uma mistura de branco e preto, continuaria invisível. Mas o cinzento vê-se! E vê-se porque a estrutura cromática do branco e do preto, com que foi obtido, apresenta alguma cor. Digamos que aquilo que à vista chamamos preto é uma modalidade limite do azul, tal como o chamado branco, se visível, é uma modalidade limite do vermelho. Observando, através de um prisma cristalino, uma superfície em que se juntem branco e preto, de pronto será visível esta parentela: negro-azul; branco-vermelho.
Durante o ciclo solar anual, os momentos mais propícios à contemplação dos fenómenos da Luz e da sombra – entidades determinantes da cor – tal como se apresentam na Natureza, situam-se por altura dos equinócios, quando o equilíbrio entre essas entidades é mais notório.
Em certos momentos da Primavera ou do Outono, quando a noite tombava sobre Lisboa e a iluminação pública tardava a acender-se, as ruas estreitas escureciam deveras, enquanto os pontos altos, onde incidiam os últimos raios do Sol, refulgiam intensamente.
A memória desse fenómeno conduz a um atelier, de uma amiga pintora, situado na Rua Damasceno Monteiro. Era ela de nacionalidade alemã – talvez de Francfort do Meno – e tinha o hábito de trabalhar num pequeno terraço, aproveitando a breve e escassa luz do crepúsculo, trajando uma camisa de noite diáfana e alva. Conforme o local se ia enchendo de sombra, mais acima, como numa visão, a capela da Senhora do Monte e o paredão circular em que assenta o miradouro adjacente, permaneciam banhados por uma luz aparentemente irreal. Do outro lado, a colina do Castelo era uma silhueta sombria.
Nesses momentos havia como que uma evocação de Goethe, vendo-o com o seu grande chapéu, conforme Tischbein pintou e Warhol gostava de o rever. Esse chapéu, ícone da experiência italiana do poeta, feita de classicismo e de luz meridional, deve acompanhar qualquer referência, mesmo a mais subtil, ao seu revelador “Tratado das Cores”.

VI. Alfa e Omega
Óleo s/tela
100x81 cm
2000
4.000
Alfa e Omega – Aquele ovo mítico, que contem em si todas as possibilidades que se cumprirão, desde o início ao fim de tudo, vai-se desenrolando na sinuosidade do tempo.

IV. Personagem
Óleo s/tela
81x100 cm
2006
4.000
Personagem – Vindas directamente das passerelles da moda ou da vida, certas mulheres exibem uma atitude física triunfal, vendo na sua existência a única razão pela qual os astros se movem e o universo existe. Este ego avassalador é deveras espectacular e oferece, à vista, muita maravilha. Mas, no xadrez das coisas humanas, as rainhas divinas derrubam sistematicamente os mais nobres cavaleiros, sobretudo os que mais se embeveçam com o esplendor de tais realezas.

V. Lençol Nublar
Óleo s/tela
81x100 cm
2007
4.000
Lençol Nublar – Por vezes a poesia entra na Arte e vice - versa. Descrever certa nuvem como um lençol, embora constitua literatura poética pode, sem desprimor para a autoria artística, constituir-se como modo estético da ideia e ser Arte.

III. O Manto de Ouro
Óleo s/tela
100x63 cm
2006
4.000
O Manto de Ouro – Há entidades que não se vêm mas se sentem, sobretudo quando alguns objectos dispostos de certo modo induzem uma intuição ou fazem lembrar qualquer outra coisa. Essa percepção instantânea é, por vezes, assustadora. Mas a serenidade dos animais presentes indica que tudo está bem, ou porque não se apercebem do fenómeno, ou porque, para a sua inocência, tudo é natural.

II. Paisagem Alpina
Óleo s/tela
81x100 cm
2006
4.000
Paisagem Alpina – Tal como acontece com o icebergue, uma montanha coberta de gelo pode representar-se por um lençol, disposto de certo modo. Quem viveu experiências alpinas sabe-o bem, sobretudo quando os campos próximos verdejantes são rematados, ao fundo, por lençóis alvos a que chamamos montanhas.

I. Iceberg no Leito
Óleo s/tela
90x90 cm
2006
4.000
O Iceberg no Leito – Os lençóis alvos têm, como certas nuvens e os icebergues, um modo paradigmático de modelar a luz. Esta particularidade, irmana-os na mesma condição, de tal modo que uns podem ser substituídos por outros sem alteração do valor apresentado. Num leito que é também mar, o icebergue em lugar do lençol, ou o lençol fazendo de icebergue pode constituir uma alegoria à frigidez feminina.

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